quinta-feira, 28 de abril de 2011

Eternamente tua

Eternamente tua
(Val Donato)


Nem que me tirem as revoltas e dores
Nem que me privem das cores
Nem que me faltem todas as flores
Nem que exibam os meus pudores
Nem que se faça da noite o dia
Nem que o dia nasça da noite que caía
Nem que eu mergulhe em agonia
Nem que eu esqueça o que eu já sabia
Nem que eu pare de respirar
Nem que você deixe de me amar
Nem que a chuva caia pra secar
Nem que a ferida não pare de sangrar

Nem que eu tenha que varrer a lua
Nem que eu sirva minha carne crua
Nem que eu more no meio da rua
O céu até pode desabar
Mas deixarei de ser minha pra ser eternamente tua

Nem que a comida me aumente a fome
Nem que ninguém lembre qual é meu nome
Nem que Mandela vire Al Capone
Nem que a própria fé me abandone
Nem que a alegria seja sempre um tédio
E pra curar a dor não tenha remédio
Nem que a verdade seja o teu mistério
Nem que a solidão seja meu império
Nem que teu beijo passe um vírus fatal
E que vermelho esteja sempre o sinal
Nem que o ódio vire coisa banal
E que não seja feliz este final