quinta-feira, 21 de julho de 2011

Oração dos passos finais

foto: Wagner Pina


Foste dura, foste forte
Água turva, má sorte
Levou tudo embora
Embora deste mundo
Era a morte.
Que não existe, nem é triste!
Chegada a hora de falar
De rasgar o peito
Desse jeito não suporto,
Não comporto a dor.
Mais um menino, com um certo destino
Eras José, mais um Zé
Zé de Deus, Zé ninguém
Mais um número, mais de cem
Sem sapato, sem suporte
Sem consolo, sem vintém.
Ficou a história
Que não morra a memória
De um dia que o Brasil não fez gols
Não podias comemorar
E quando eu crescer?
Já és grande, Zé!
Tua missão de grande exemplo está cumprida!
Agora, és do Eterno.
E quando eu crescer: Eternizado seja!
Amém!

Em memória de José Davison Fernandes

Val Donato - 18/07/2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Fiat lux.

Criação,
És minha parte, minha grata cria de uma incontável prole.
Imaginar é contemplar o desenlace que ocorre sutilmente entre o simulado e o real.
Partindo deste para aquele.
A realidade é construída com tijolos e alicerces que de tão tênues carregam a intangibilidade como característica essencial.
O real habita o imaginário tão intensamente que um é extensão do outro, como o som de uma nota musical, que não acaba e sim renasce sob a manta acolhedora do silêncio. E após um tempo volta a soar...o tempo.
Já nem sei mesurar o tempo, sequer convenci-me da sua existência..creio que é invenção tola dos que tudo tentam controlar para não perceber o quanto são incapazes de manipular a si próprios.
A mim tudo parece flutuar num oceano infindo de experiências; tão relativo que sequer os nomes precisam existir, para não arriscar prender-se nas inúteis definições, pois tudo é provisório. E também eterno.

28/06/2011